Futuro? É cedo demais para pensar nele! Ou Não?
No meu dia a dia vivo a situação de estar cercado de jovens, crianças, adultos, idosos e o que eu chamaria de “em trânsito” (aqueles que não se enquadram em nenhuma dessas definições seja por idade cronológica ou psicológica), e algo é muito comum em minhas conversas com estes grupos, vez ou outra a palavra futuro aparece e sempre com uma interpretação diferente da parte de quem a pronuncia e evocando sentimentos avessos.
CRIANÇAS
Para estas futuro é quase “substantivo concreto e próprio”. É algo que chega um dia de mansinho, sem gritar. Futuro é futuro, e é legal!
_Eu vou crescer, aí eu vou trabalhar, aí eu vou me casar, aí eu vou ficar rico, aí eu vou ser importante, aí eu vou ser feliz (não necessariamente nesta mesma ordem).
De qualquer forma, é lindo ver uma criança sonhar com o futuro, um futuro amigo, para o qual elas acreditam estar preparadas (ou senão, acreditam preparar-se a tempo)
IDOSOS
Não quero generalizar, pois conheço idosos (gente da melhor idade e muito irada) que faz a festa, mas para muitos (a grande maioria) esse tempo verbal passou ou seja, é um “futuro do pretérito” (rsrsrsrs – meus professores, me perdoem!), nada de grandioso se pode fazer mais, e como diria o gênio Raul, “isso tudo acontecendo e eu aqui na praça dando milho aos pombos”, de pijama.
_ Meu filho, eu já vive muito (como se viver fosse um trabalho!), agora eu só quero que Deus me dê saúde, paz, felicidade... (Mas pra que? Se você não vai usar!)
ADULTOS
Para esse grupo (não generalizando), o futuro é presente (Entendeu? Desculpa professora! De novo!). Eles desejam possuí-lo, como possuem um carro, dinheiro, uma esposa ou marido. Como se não bastasse ser o dono do próprio futuro os adultos desejam ter o futuro dos outros em suas mãos (sabe como é, dinheiro nunca é demais para eles, futuro nunca é demais, também).
_ Minha vizinha deveria cuidar mais da vida dos filhos! Se eu fosse aquele cara eu faria diferente, ele é um idiota! O marido da vizinha não presta e ela também não!
_ Meu filho (minha filha) vai se casar com “tal idade”, vai ser médico, vai ser feliz (do jeito que eles desejam).
_ O presidente está errado, o juiz de futebol está errado, o motorista do carro à frente está errado, o clima está errado, etc. (se duvidar, até Deus está errado)!
Quem sobrou para ser perfeito? Adivinha!
JOVENS
Estes são a razão do meu texto e a minha maior preocupação. Na maioria das vezes em que discutimos o futuro, percebo que para estes o futuro é... (?) Isso mesmo, não existe uma conjugação verbal para o futuro na gramática “teen”. Ao que me parece, como jovem gosta de contestação, até nessas horas eles tentam criar uma conjugação partícula _ o futuro do futuro no futuro posterior (Deus! Professora me desculpa, sei que seu salário não paga essa ofensa!). Tem se tornado comum em meu dia ouvir coisas do tipo:
_ Terei muito tempo para pensar nisso depois, em outras palavras: deixarei para pensar o futuro só no futuro. (seria normal não fosse o fato de que a idade não lhe permite deixar de pensar no futuro, uma vez que responsabilidades vão surgindo)
_ Eu vou ser o que eu quiser no futuro! Mas deixa isso pra lá por que eu quero agora é curtir. (como se futuro fosse uma pizza que você encomendou e enquanto você espera, vai fazendo uma festinha com seus amigos, mas sem preocupação, afinal ela vai chegar a tempo, quentinha, gostosa e fatiada, com pedaços suficientes para todo mundo, tamanho família)
_ Ei! O que você acha que eu deveria ser no futuro? (essa pergunta é perigosa se você tem adultos que querem controlar seu futuro)
_ Pensar no futuro é coisa de velho ou chatice de adulto!
AFINAL, O QUE É O FUTURO?
Eu diria que ele é, antes de qualquer coisa, um inevitável e consequente PÓS-PRESENTE. Não preciso dizer o por quê do termo “inevitável”, porém o “consequente pós-presente” é sem dúvida uma forma de enfatizar que o futuro não “cai em nossa vida”, ele é o resultado de tudo o que fizermos ou não fizermos no hoje, no agora. E mais ainda, o futuro é “um presente”(dádiva, regalo, um carinho divino) e como todo presente você pode jogar fora, não gostar e reclamar (façam quantas analogias quiserem), mas assim como muitas vezes alguém te dá um presente acreditando que é “a sua cara” por ter de você uma impressão errada (que você criou), o nosso futuro é exatamente essa as somas dessa(s) “impressão”, reputação que muitas vezes você trás do passado (seu presente, o hoje).
Mas, felizmente, o futuro é uma construção diária, incompleto e sempre sujeito ao recomeço. Por isso o meu recado:
ÀS CRIANÇAS
_ Vocês estão certas, o futuro é lindo! Não esqueçam de tratá-lo bem, alimentá-lo como se alimenta o peixinho dourado, acreditar nele como se acredita no papai Noel (que existe!), mas só trás presentes para aqueles que foram bonzinhos durante o ano.
AOS IDOSOS
_ Vocês são lindos, cheios de vida, repletos da vida que guardaram ao logo do tempo. Vivam mais ainda, sorriam ainda mais. O jogo não acaba aos 45 minutos do segundo tempo (o juiz pode dar acréscimo, pode haver prorrogação, pênaltis), e vocês não sabem o que o amanhã reserva de novo para vocês. Tenho uma vovó que esqueceu-se de como é belo viver e hoje a tristeza dela provoca a nossa tristeza, apesar de Deus dar-lhe saúde, que tantos outros pedem.
AOS ADULTOS
_ Reservem um tempo no seu dia, na sua vida, para recordar os seus erros de criança, seus erros enquanto jovens e imagine que quando idosos vão fazer o mesmo, olhar para trás e perceber que poderia ter sido diferente, bem melhor se... ou se... E mais ainda se... Em outras palavras ninguém está certo ou errado, estamos aprendendo e vivendo e aprendendo... Compreendendo a nós mesmos compreendemos os outros.
E AOS JOVENS
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3 Comentários:
Gostei desse texto Malucodoidão.
Não encontrei o outro que tu me falô!!
Vai escrever num jornal.
Vou batizar meu filho com teu nome!
Ameeeiii o texto.
Bjs K.
Não sou anônima sou a Bella (c sabe)
Estou na minha casa (a escola)
Obrigaduuuuu.
Onde vcs estão? Numa lan?
"malucodoidão" foi bom. Dar meu nome para o filho de vcs é uma furada, a criança não merece sofrer assim.
Bjão"zão"
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